A APANHA DA BATATA:

Caminhamos a passos largos, para que os nossos filhos com futuro incerto, deixem o litoral e os grandes centros urbanos e procurem no interior, aquilo que os grandes centros urbanos já não conseguem oferecer dado ter saturado. Precisamente o inverso que aconteceu connosco e nossos pais há cerca de 50/60 anos, são ciclos da vida que de tantos em tanto anos, nos envolvem em guerras e miséria. O saber não ocupa lugar e o futuro não se nos apresenta risonho, mas será certamente preocupante o futuro de nossos filhos e netos, nas cidades actualmente torna-se difícil viver, se tivermos em conta de que os salários estão cada vez mais estrangulados, desemprego a aumentar cada vez mais, custo de vida sobe galopante, tudo tem que ser adquirido a pago desde o simples ramo de salsa até ás batatas. A a nossa juventude não tem saída viável! A alguns resta-lhe a rua, a fome a miséria, a outros a porta de saída será certamente regressar às terras de origem dos pais onde, possivelmente terão outras opções e até melhores condições de vida e livres do stress diário da urbe citadina. As gerações 40/70 sofreram na pele as agruras da agricultura, ainda crianças acompanhavam os pais nas lidas da horta observando como era a realidade, mesmo criança, mas já davam ajuda preciosa, indicando quando a água chegava à ponta do suco no tempo da rega da horta! Hoje este facto seria qualificado como exploração infantil! No que me toca a horta não deixava passar fome e estes ensinamentos do dia a dia fizeram dessa geração pessoas capazes de enfrentar as mais adversas situações, nunca se desprendera das vivências da infância, transportando sempre para a cidade.algo que traduz em alegria, saudade e por vezes alguma melancolia.
Decorridos quarenta anos, a horta sempre sempre me me acompanhou e, verdade seja dita, é a alegria do bairro. e com esta alegria que foi a apanha da batata que partilho com todos quantos visitarem este Blog, homenageando todos os de Caçarelhos que se dedicam à agricultura. José Ventura.